"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, julho 18, 2012

Montejunto

Sexta feira 13 mandei - literalmente - a rotina às urtigas, tipo não apanhar mais pulgas, no autocarro 12 da Carris, nem ver o insistente e depauperante espectáculo, da dignidade mínima dos mais altos dignatários do Poder, batendo no fundo, impregnados que estão em escândalos recorrentes e transversais, os quais não escapam ao assobio e ao apodo popular, por vezes bem acintoso, como há semanas na Covilhã...

O destino paradisíaco, desta vez foi a serra de Montejunto e o abrigo, um edifício com genuína arquitectura mediterrânea, cuja fundação remonta ao século XII. Dormi numa cela de monge, mergulhei na transcendência, visitada por águias, nuvens e ventos e sabe-se lá quantos mistérios que a neblina guarda...

Costuma dizer-se que quando se fecha uma porta, abre-se uma janela...
O cosmos, após um início de semana tenebroso, proporcionou-me uma compensação harmoniosa, se é que posso transmitir assim a felicidade que senti.

Subi ao cume da serra, onde os climas do sul e do norte se apuram. 
Descobri os conventos, habitados pelo vento e pelo esquecimento. Rodeados de antenas, como outrora pelo silvado.
Ouvi o rumoroso silêncio daquele lugar.
Cá em baixo, procurei a Real Fábrica do Gelo e a paz, que a luz destes curtos dias me trouxe, não obstante algumas atitudes agressivas, de invasores do património, quando chamados à pedra. Porém, não tiveram peso para toldar o encantamento com a Natureza.
A Poesia apareceu. 
E a nova semana começou com mais energia.

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)


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